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Por muito tempo a tradição e
convenção social atribuíam papéis bem delimitados aos homens e mulheres. A
configuração familiar se estabelecia da seguinte forma: ao pai cabia prover
materialmente a família mantendo-se, desta forma, distante dos filhos. À mulher
cabia o cuidado com os filhos e da casa. Com a inserção da mulher no mercado de
trabalho estes papéis começaram a mudar.
Por meio desta mudança o casal
precisou se reorganizar. Mudaram-se os comportamentos e tarefas, tanto
masculinas quanto femininas, foi necessário ampliar os campos de atuação,
dividindo e compartilhando tarefas. Os reflexos destas mudanças são
perceptíveis em diversos aspectos da vida, mas tendo aqui o foco no universo da
gestação de um filho, estas mudanças já começam a aparecer desde as primeiras
consultas do pré-natal. Hoje muitos dos pais acompanham suas mulheres nas
consultas e este fato auxilia no desenvolvimento da paternidade.
Tendo havido uma mudança
significativa nos papéis, o pai além de ser muitas vezes o provedor, também se
mostra bastante presente no dia-a-dia dos filhos, por meio da atuação em sua
educação, manifestação da preocupação e interesse, demonstrações de afeto,
entre outras.
Entretanto, quando da
internação do recém-nascido em uma UTI Neonatal, os sentimentos experenciados
pela mãe como, por exemplo, o medo, também são vivenciados pelos pais. Ocorre
um misto de emoções, a felicidade pelo nascimento do filho juntamente com a
preocupação, o estranhamento da situação que muitas vezes, até então, não se havia
considerado.
O internamento do filho em uma
UTI traz consigo a iminência da morte e com isso deixa desassossegado o coração
dos pais. As preocupações são várias e precisam ao longo do tempo e a medida do
possível serem esclarecidas.
Muitas vezes os recém-nascidos
passam muitos dias ou até mesmo meses no ambiente hospitalar, mas para os pais
a volta à rotina acontece após poucos dias do nascimento. São atribuídos aos
pais: cuidados com a mulher, por estar em recuperação pós-parto, continuar
provendo a família, cumprir seus compromissos profissionais, cuidar
afetivamente do filho, manter contato com a equipe, cuidar dos demais filhos
que ficaram em casa, quando já se tem outros filhos, entre outras funções.
Alguns dos momentos mais difíceis
para os pais e mães são: a primeira visita ao recém-nascido na UTI e a volta
para casa. Quando da primeira visita, o pai costuma sentir uma necessidade de
ser forte para confortar sua mulher e demonstrar força. Entretanto, muitas
vezes, os pais também estão fragilizados, pois vivenciam a mesma dor que a mãe
experencia. Outro momento delicado acontece quando da alta hospitalar da
mulher. Toma-se consciência neste momento da realidade da prematuridade do
bebê, voltar para casa de braços vazios.
Mesmo que temporária, cria-se
uma nova rotina e com ela novas emoções, novos medos e novos desafios. Há a
necessidade de alguém que auxilie o pai a enfrentar da melhor maneira e com os
recursos que possui esta nova fase. Alguém que escute suas dores, suas dúvidas
e acolha também suas lágrimas. É necessário que o estranhamento inicial de toda
a realidade que vivenciam possa ser trabalhado para serem assimilados e assim
se transformarem em força. A psicologia trabalhará neste sentido, tendo atenção
especial ao relacionamento conjugal que também poderá ser afetado caso as
dificuldades e sentimentos não sejam trabalhados.
Na maioria dos casos os pais
encontram uma maneira sadia de enfrentar a situação e transformar em força e
crescimento esta fase que vivenciam, aproximando-se e criando uma relação ainda
mais saudável com sua mulher.