quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Transformando sofrimento em crescimento!

Fonte: Google

Será possível transformar o sofrimento que uma doença terminal provoca em algo positivo? Como sair fortalecido após uma catástrofe natural? É possível que a dor seja uma oportunidade de crescimento? Sim, é possível e a isso damos o nome de resiliência.
Resiliência é um termo emprestado da física e que remete a “propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após serem submetidos a uma deformação elástica”. Na psicologia este termo foi adaptado para designar a capacidade que os seres humanos possuem de ressurgir diante das adversidades. Capacidade de sofrer com o impacto causado pela dificuldade e, então, superar o sofrimento e o fator que o causava. Para resumir, cito Mahfoud e Silveira (2008, p. 03) que definem a resiliência como “a capacidade de transformar uma situação de dor em possibilidade de crescimento, ou a “capacidade humana para enfrentar, sobrepor-se e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidade”.
As diferentes fases de nossas vidas trazem possibilidades de eventos negativos. Entretanto, temos alguns fatores ou mecanismos de defesa que nos permitem diminuir as circunstâncias desfavoráveis. Por exemplo, adaptabilidade, enfrentamento efetivo, resistência a destruição, condutas vitais positivas, entre outras. Mas, entre os fatores protetores, o mais importante é o relacionamento de apego seguro entre o sujeito e uma pessoa significativa. É o suporte e a presença motivadora que esta pessoa fornece ao sujeito.
Todo ser humano busca um sentido para a sua vida; esta é a sua principal força motivadora. O sentido pode ser circunstancial, referente ao momento presente/uma situação que se esteja vivendo ou corresponde aquilo que se considera a sua missão de vida. As pessoas são chamadas a viver o sentido de suas vidas em cada situação que ocorre, respondendo com aquilo que mais tem sentido naquela situação.
O sofrimento faz parte da vida, mas as dores que podem ser evitadas devem ser evitadas. Porém, em momentos de sofrimento inevitável o que se pede da pessoa é que SUPORTE a incapacidade de compreender o por que daquilo; porque a vida possui um sentido incondicional que independe das circunstâncias.
A vida possui sentido em cada momento e em sua plenitude. Para vivenciar estes momentos de dificuldades podemos nos utilizar de alguns recursos. Por exemplo:

(1)  Autodistanciamento: que é a característica especificamente humana de distanciar-se de si mesmo. Um meio para que isto ocorra é o humor. De acordo com Frankl (citado por Mahfoud e Silveira, 2008), o humor permite rir ou sorrir apesar da tragédia. Quando o sujeito ri, ele se distancia do problema, coloca-se acima da situação para que seja possível dominá-la; e
(2)  Autotranscendência: o ser humano, como já dito em outros posts, é abertura para o mundo, é relação e por isso se volta para algo ou alguém diferente de si mesmo. De acordo com Frankl, “Ser humano significa ordenar-se em direção a algo ou a alguém: entregar-se a uma obra a que se dedica, a uma pessoa que ama, ou a Deus, a quem serve”. A pessoa se auto-realiza quando esquece de si mesmo e se dedica a algum trabalho ou pessoa.

A principal força motivadora de uma pessoa é a busca pelo sentido de vida. De acordo com Cyrulnik, citado por Mahfoud e Silveira (2008), “uma parte da pessoa, sofrendo um revés, produz necrose (degenera), enquanto outra parte “reúne, com a energia do desespero, tudo o que pode continuar dando um pouco de felicidade e de sentido à vida”. A busca pelo sentido é a motivação para construir resiliência.
O fato de ter alguém para amar e ser amado, por exemplo, pode ser um motivador para superar momentos difíceis. A fé é outro ponto motivador, permite a pessoa se sentir aceita incondicionalmente. O trabalho que se pretende realizar também pode fazer com que a pessoa supere condições adversas, como é o caso do próprio Frankl (autor aqui citado) que sobreviveu a quatro campos de concentração nazistas.
O ser humano é livre para realizar um sentido e escolher o que vai fazer de sua vida. Esta liberdade está presente em todos os momentos. Dessa forma, construir resiliência é algo que se faz a cada escolha que tomamos. Cada momento bem vivido é, então, algo experenciado de forma positiva e que não pode ser mudado. Mas, vai além disso. É força para viver cada dia melhor e suportar as adversidades.
O importante é encontrar aquilo pelo qual valha a pena viver, algo que nos motive a acordar todas as manhãs e encarar o novo dia e seus desafios.
Para todos nós o sofrimento chega em algum momento, por vezes mais intenso, por vezes mais brando. Para alguns em maior quantidade, para outros em menor quantidade. Precisamos aprender a resistir, ou ainda melhor, aprender a ser flexível. “Dobrar-se sem romper, aprender com a adversidade, dar a volta por cima, superar os traumas e dificuldades, encontrar alternativas. Crescer, renovar-se, reconstruir-se diante da dor. Encontrar recursos” (Mahfoud e Silveira, 2008). Por mais que a presença de pessoas importantes em nossa vida seja uma grande inspiração e suporte para vencer adversidades, mesmo quando não há este amparo, ter um sentido de vida é suficiente para vencer.
Para vencer é preciso ter criatividade, ser capaz de aprender, de superar e crescer. 
A vida é mais do que dificuldades.