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Jorge
é um fotógrafo e enquanto se prepara para registrar o amor de uma família, a
união de um novo casal ou o momento da gestação de um filho ele pensa e decide
qual a melhor opção para aquela situação. Existe dentre várias possibilidades a
opção de usar um tripé.
Mas
para que serve o tripé? Se você perguntar ao nosso fotógrafo, ele te dirá que
uma de suas funções é garantir a estabilidade para trabalhar, evitando
vibrações, movimentos involuntários e outros pontos importantes para uma boa
qualidade da foto. Entretanto, nem sempre o uso do tripé é necessário e por
muitas vezes a liberdade de se locomover rapidamente com a câmera e captar a
espontaneidade dos clientes é essencial.
Em
sua vida pessoal Jorge também tem suas dúvidas no que diz respeito a quando
manter a “comodidade” de sua vida, garantindo assim a estabilidade que o
tranquiliza e quando é necessário fazer as mudanças que lhe trarão melhorias.
E
é sobre este assunto que eu quero falar com vocês hoje: estabilidade x mudança.
Você
já se sentiu paralisado em algum momento? Qual situação te deixou assim?
Já
sentiu como se algo te incomodasse ou até mesmo te tirasse o sono?
O
que você costuma fazer com estes pensamentos e sensações?
É
certo que nós normalmente não paramos para pensar sobre estas questões. Muitas
vezes deixamos estes questionamentos e sensações de lado para conseguirmos
seguir adiante e viver nossa rotina já programada, cumprir nossos compromissos
e ser aquilo que nos comprometemos a ser um dia. Isso porque a sensação de que
algo não está certo nos gera desconforto, nos traz a sensação de
desorganização.
Inúmeros
são os exemplos para aquilo que nos incomoda: (1) o trabalho que não nos
realiza, (2) a rotina que não nos agrada, (3) o namoro ou casamento que não vai
bem, entre outros. Ao sentir que não cabemos mais na realidade que temos, surge
a necessidade de nos reinventar. Mas como? Onde iremos nos encaixar se
mudarmos? Se formos diferentes?
É...nosso
mundo terá que mudar e nós precisaremos nos deixar perder, para ser possível nos encontrar.
Perder-se!
Quão difícil é sair de nossa zona de conforto, não é?
Se
pensarmos no nosso cotidiano já nos propusemos algumas vezes a mudar; mudar de
vida, de emprego, de curso, enfim, mudar. Mas ao tentar abandonar antigos
comportamentos e atitudes nos sentimos desconfortáveis e retomamos a forma
original.
Estes
comportamentos e atitudes que fazem parte da nossa rotina faz com que nos
reconheçamos; mesmo que sejam disfuncionais. Ou até, que não seja o mais
saudável para nós.
Manter
aquilo que nos é familiar permite que nos reconheçamos, ainda que exija um
grande esforço para viver. Pergunto novamente: O que te prende aquilo que você
é hoje, mas que não corresponde a tua essência? O que te faz sofrer, mas que de
alguma forma te permite viver?
Manter-nos
naquilo que nos é conhecido ou rotineiro nos permite saber do futuro, ou pelo
menos tentar programá-lo. Por isso é tão difícil abandonar estas “supostas
certezas”em busca daquilo que nos fará sentir mais realizados. A dúvida é: se
você se permite perder, que futuro terá?
Se
você se entregar à aventura de procurar o que te faz sentido como saberá o que
irá encontrar?
Mas
por vezes precisamos perder aquilo que de que não mais precisamos. Sempre há tempo
de recomeçar. Por vezes o medo nos paralisa impedindo que busquemos aquilo que
fará mais sentido em nossa vida, quer seja um trabalho, um alguém, um gesto
para com o outro, etc.
Nesta
busca pelo que faz mais sentido, a psicoterapia pode ser uma grande aliada. A
terapia nos permite o autoconhecimento; a compreensão do que buscamos alcançar,
o que tem nos impedido de buscá-lo e até mesmo como trilhar este caminho. Viver
plenamente inclui a realização do sentido de nossas vidas.
Cada
um possui um sentido único/particular e é de nossa escolha e responsabilidade
buscar compreendê-lo e colocá-lo em prática. É preciso coragem, mas o maior
presente que se pode receber em troca é o caminho e as possibilidades que se
abrem diante de cada um que se coloca verdadeiramente neste processo.
Em
nossa vida nos deparamos em muitos momentos com a dúvida de Jorge; usar o tripé
ou a liberdade para criar. Parafraseando Clarice Lispector deixo-te uma
pergunta: Qual a terceira perna que faz de ti um tripé estável, mas que te
impede de caminhar?
Ou
ainda: O que você fará? Permanecerá com a terceira perna ou se aventurará na
busca por aquilo que te faz sentido?