quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Emagrecer, e daí? (Reconstruindo a si mesmo)

Fonte: Google

São tantos os aspectos que influenciam a decisão de se submeter a Cirurgia Bariátrica e, esta influenciará tanto a vida dos que a ela se submetem, que achei interessante comentar um pouco. Compartilhando a opinião da Professora Adriane Pichetto trataremos ainda da questão importantíssima da avaliação psicológica. 
A obesidade é uma doença crônica que traz consigo várias co-morbidades que reduzem a expectativa de vida de seus portadores. Acontece quando a energia ingerida é maior que a consumida. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2015 a obesidade será a 10ªdoença em número de óbitos.
Sendo uma doença multifatorial, poderíamos pensar na influência de fatores genéticos, ambientais, culturais e psicológicos. Aqui gostaria de me ater aos três últimos fatores.
Os fatores ambientais englobam as questões referentes a um ambiente obesígeno. Vivemos uma época em que se come pior e em maior quantidade. Pesquisas informam que  “no Rio de Janeiro, o consumo de arroz e feijão reduziu-se em 30% e houve um aumento de 268% no consumo de refrigerantes”. E ainda, “uma criança norte-americana assiste em média a 10 mil anúncios de alimentos na televisão a cada ano, sendo 90% deles sobre “fast food”, sucrilhos, refrigerantes ou balas”. Somado a isto, o que vemos são pessoas cada vez mais sedentárias, confortáveis no estilo de vida moderno que envolve automóvel, celular, controle remoto, televisão, entre outras mordomias.
Somadas às questões do ambiente existem as questões culturais. Não é novidade para ninguém que o corpo ideal considerado hoje é o magro. O corpo magro remete à imagem de poder, autonomia e sucesso (Adriane Picchetto).  Estar feliz hoje não remete somente a estar sentimentalmente repleto. Não estar dentro do padrão de magreza muitas vezes provoca sentimentos de inadequação, vergonha, baixa auto-estima e para corresponder a este padrão as pessoas se submetem a processos de reconstrução. Reconstrução de si mesmos. As novas tecnologias prometem perfeição, são inúmeras as possibilidades para se mudar o que não se gosta.
Os fatores psicológicos envolvidos na questão da obesidade e na decisão pela cirurgia bariátrica são inúmeros e devem ser muito bem trabalhados. A obesidade, assim como já foi colocado, gera constrangimentos e sentimento de inadequação social. Muitos possuem dificuldades para andar, passar em roletas de ônibus, comprar roupa, sofrem bullying, entre outros. Há, muitas vezes, a discriminação social e dificuldades na vida profissional.
Uma questão marcante em termos psicológicos da cirurgia bariátrica é a imagem corporal. A forma como os outros nos vêem e como nós nos vemos tem grande importância e impacto em nossa vida. Segundo pesquisas, 100% dos pacientes submetidos a gastroplastia referem satisfação com o novo corpo. Entretanto, a cirurgia implica em uma reestruturação da imagem corporal do sujeito em pouco tempo. Em alguns casos há a perda de cabelo, memória e energia. A cirurgia pode gerar intolerância a carne, pão, arroz, entre outros. Será que as pessoas estão preparadas para todas essas mudanças?
Por isso a avaliação psicológica é de fundamental importância para se investigar os recursos pessoais disponíveis para lidar com as inúmeras mudanças resultantes da cirurgia. Ou seja, rapidez e radicalidade da mudança, reorganização da vida pessoal, imposição de novos hábitos alimentares e frustração por não conseguir ingerir certos alimentos e claro, mudança da imagem corporal.
É preciso ter bem claro que as necessidades pós-cirurgia serão outras e a adesão e disciplina com relação ao tratamento serão fundamentais. Se você, ou algum conhecido, está pensando em se submeter a este procedimento procure pesquisar sobre os prós e contras da cirurgia e tirar todas as eventuais dúvidas sobre o procedimento com o seu médico.


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